06 agosto 2010

Síndrome da observação, Arthur Tuoto

"A principal característica que notamos aqui é o poder de reconfiguração sensorial e geográfica desses artistas através de observações particulares, seja de uma rua vazia, seja de um caminho percorrido por um corpo, seja de imagens banais vistas pela janela de um carro; o sentido original, uma vez manipulado, adquire possibilidades infinitas. Até onde pode ir uma imagem? Que exercício mais instigante para o cinema, e para as artes visuais em si, se não o de experimentar e potencializar o poder de um plano? O diferencial dessa nova videografia é justamente esse poder de abstração que parece extremamente libertador. Aonde existe um filme? Em um bolha de sabão que estoura, outro em uma bolha de sabão que se forma, como nos mostra Cao Guimarães. Na autoridade de uma paisagem, na frieza de outra, como nos ensina Roberto Bellini. Na brincadeira entre algumas ausências como revela Wagner Morales em sua série de vídeos, e assim por diante. Em um país aonde tantos filmes de ficção com uma dramaturgia primitiva e repetitiva acabam ganhando praticamente todo o espaço reservado ao audiovisual, é preciso celebrar o olhar desses artistas, é preciso compreender a política do tempo e do ritmo em que eles se inserem e consequentemente a política que defendem, construindo assim uma videografia inédita e que já reserva um espaço não só na história do cinema, mas na história da arte como um tudo."

daqui

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